André Luiz Matheus, Vitor de Oliveira Barbosa e João Marcolino da Silva Junior, sócios proprietários da Triângulo Aviação Agrícola
DGPS: Tecnologia embarcada do avião que com as coordenadas consegue identificar os riscos potenciais além de calibrar o avião
O surgimento da aviação agrícola no Brasil e os prós e contras da atividade na agricultura
A aviação agrícola é uma importante ferramenta no combate e prevenção de pragas, doenças e plantas infestantes (plantas daninhas) na agricultura, já que é utilizada para a aplicação de defensivos agrícolas, como inseticidas, fungicidas, herbicidas, adubo na forma liquida e sólida, semeadura de pastagens, coberturas, reflorestamento, povoamento de lagos e rios com peixes, o auxílio à saúde pública no combate a doenças endêmicas, entre diversas outras atividades.
Poucos sabem que a aviação agrícola foi inventada em 1911 pelo agente florestal alemão, Alfred Zimmermann, mas só teve aplicação comercial, nos EUA, em 1921, já que na época a aplicação se dava por um passageiro jogando do avião de um saco. As técnicas modernas de aplicação, como a do baixo-volume (10 a 30 l/ha) só iniciaram a partir de 1943.
Já no Brasil, o primeiro voo agrícola aconteceu em 1947, no Rio Grande do Sul, com a Aeronave MUNIZ, modelo M-9, biplano de fabricação nacional, prefixo GAP, monomotor de 190 HP, autonomia de voo de 4 horas, equipada com depósito metálico, constituído em dois compartimentos em forma de moega e dosador próprio para o combate de uma praga de gafanhotos, mas só foi reconhecida oficialmente, no Brasil, em 1969, através do DL de nº 917.
No ano de 1965 foi criada a empresa Seara Defesa Agrícola Vegetal Ltda. que desenvolveu a tecnologia de aplicação aérea UBV (Ultra Baixo Volume) na cultura do algodão, mas foi na década de 70 que houve um grande desenvolvimento nos trabalhos de aplicação aérea, mas na década seguinte, devido à falta de tecnologia, os trabalhos de aplicação aérea entraram em decadência. Na década de 90 muitas novas tecnologias começaram a ser utilizadas pela aviação agrícola no Brasil, com novas pontas de pulverização desenvolvidas, novas barras de pulverização aerodinâmica, aperfeiçoamento dos equipamentos nacionais e o DGPS.
De todas essas novas tecnologias foi o DGPS a que mais se destacou, pois funcionou como um certificado de garantia de boa aplicação e, com certeza, foi responsável pelo fechamento de muitos contratos de aplicação aérea com muitos produtores.
Atualmente, no Brasil existem cerca de 1.500 aviões agrícolas em operação. O mercado potencial para essas aeronaves é de 10.000 unidades. Esse potencial de mercado leva em consideração somente as áreas agrícolas atualmente exploradas e não levam em consideração ainda as áreas com possibilidades de exploração.
A Triângulo Aviação Agrícola atua há mais de 30 anos no Noroeste Paulista, focando nas plantações de cana de açúcar que é o forte da região. É claro, além de seringueiras, milho, soja entre outros.
Na aviação agrícola também exigem normas da ANAC, Secretaria da Defesa Agropecuária e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para aplicação dos defensivos como, distância de 500 mts de matas, nascentes, rios e, de locais povoados a distância é de 1.000 metros. “O avião não pode sobrevoar carregado, perto ou acima das cidades, tendo que descarregar ou sobrevoar na distância determinada” comenta sócio proprietário da Triângulo Aviação Agrícola, João Marcolino.
Segurança Operacional
– Aplicação aérea fica restrita a área a ser tratada;
– Não é permitida a aplicação aérea de defensivos agrícola em áreas situadas a uma distância mínima de 500 (quinhentos) metros de povoação (cidades, vilas, bairros), de mananciais com capitação de água para abastecimento de população e, de 250 (duzentos e cinquenta) metros de mananciais de água, moradias isoladas e agrupamento de animais e cultura susceptíveis a danos;
– No caso de aplicação aérea de fertilizantes e sementes, em áreas situadas a distância inferior a 500 (quinhentos) metros de povoações, o aplicador fica obrigado a comunicar previamente aos moradores da área.
Benefícios da Aviação Agrícola
A aviação agrícola surgiu para ter um melhor aproveitamento na aplicação dos defensivos, pois reduz o tempo de aplicação, já que numa área de 200 hectares o avião faz em 3 horas, já o trator gastaria em torno de 12 a 18 horas. Além da redução de recursos hídricos (agua), pois no avião utiliza-se de 3 a 50 litros por hectare, já no trator são de 200 a 400 litros por hectare, como também na compactação de solo, pois o avião não compacta o solo, já o trator compacta o solo na aplicação dos defensivos e depois vai ter que repassar para fazer a descompactação, havendo o retrabalho. E, sem falar que o avião sobrevoa a cultura, não tendo contato com mesma e evitando a disseminação de pragas e doenças como pode acontecer na aplicação terrestre.
“Com o avião fazemos as aplicações em horários pré-definidos (de manhã ou no fim do dia), com até 30ºC de temperatura, umidade acima de 55% e com até 10 km de ventos, para melhor rendimento da aplicação, já com o trator é feito em qualquer horário, onde ocorre à evaporação do produto e não se aproveita quase nada” comenta Marcolino.
Além dos benefícios citados, possui ainda, a questão da poluição com o combustível, já que com o trator se usa o diesel e no avião etanol, e da economia, pois o avião possui horários específicos para sobrevoo e com o trator roda-se o dia inteiro.
Mas, claro, que cabe a cada produtor ver qual o custo beneficio se enquadra melhor ao seu bolso, pois na atual situação financeira do país é de suma importância aliar baixos custos operacionais com qualidade em aplicações de defensivos agrícolas, e nunca se esquecendo na preservação e conservação do meio ambiente.
Atividades da Aviação Agrícola:
Na aviação agrícola pode-se atuar em vários setores, na tabela abaixo, poderá ver algumas opções:
Setor – Bioaeronáutica – Altura de voo
Agricultura, Silvicultura e Pecuária Inspeções, mapeamentos, sensoriamento remoto, previsão de safra, adubação, semeadura, controle de pragas, doenças e ervas daninhas, maturação, desfolhamento entre outras 3 a 5 mts acima da vegetação
Piscicultura: Peixamento e cultivo químico – Sem informações
Saúde Pública: Controle de vetores (malária, dengue e oncocercose) – 50 a 100 mts do solo
Modificação do tempo: Nucleação de nuvens (chuva artificial), controle de geadas e supressão de neve – Até 2.000 mts (nuvens baixas)
Ecologia: Controle de poluição marinha (óleo) – Sem informações
Diversos: Inspeção de linhas de alta tensão, controle de incêndios florestais entre outras – 15 a 30 mts acima da copa
Matéria destacada na revista Magazine AgroFest – Edição 10 – Dezembro 2015 / Janeiro 2016, confira www.magazineagrofest.com.br.